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Eugénio de Lâmpada-by Planeta Zorg

Ao longo de quase cinco inacabáveis anos de faculdade, cheguei à conclusão que assim como medicina, arquitetura é um curso que exige vocação. Ninguém faz arquitetura porque quer “fazer casinha” ou “acha legal”. Aliás, ninguém com essa mentalidade consegue levar esse curso até o fim. Afinal, sendo tão pesado, o que passa na cabeça de um estudante de arquitetura?

Existe uma linha tênue e só quem cursa entende o que estou dizendo. É todo o contexto que ou te deixa louco ou te deixa louco, não há como fugir. A arquitetura exige um parafuso à menos para cursar. De um lado são os professores carrascos, as noites seguidas sem dormir, as entregas valendo poucos pontos, o desânimo, a vontade e necessidade de só deitar. Ainda tem que conciliar com estágio, monitoria, as outras matérias e qualquer outra coisa que você provavelmente não vai ter tempo de fazer (academia e salão são espaços riscados da agenda). Somos ninjas, sempre damos um jeito (ou somos zumbis fantasiados de ninjas rsss).

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Fonte: Arquitêta

Por outro lado, são os professores que restauram sua energia e sua fé na mudança que a arquitetura pode causar, as conversas inteligentes no D.A. e saber que você não está sozinho nessa. São os colegas bons de serviço e aqueles interessados que te fazem querer ser admirado igual, são as risadas de desespero no corredor e as noites sem dormir que resultaram naquela entrega dentro do prazo.

Pensa em todos aqueles livros que você comprou achando que ia conseguir ler, a maquete que ou fica impecável ou fica quase um protótipo, na fila da gráfica que vai estar quilométrica ou a impressora que vai estragar na sua vez. Pensa que vai fazer seus trabalhos em paz até um FATAL ERROR te assustar, e você esqueceu de salvar. Pensa no arquivo bak. que vai estar lá por você (e está!). Ou que o seu 3D ia ficar muito bom, mas ou o 3D fica muito bom, ou o resto fica muito bom.

O que passa na cabeça de um estudante de arquitetura? Além do desespero de não saber o que fazer depois que formar, são as eternas escolhas. Já disse Cecília, “ou isto, ou aquilo”. E é exatamente essa escolha que faz da arquitetura uma poesia concreta, ou uma realidade trágica. E depois? Como vai ser? A ansiedade é um pré-requisito. Desliga esse computador e vai descansar um pouco, você merece.

@juliacrios